As cidades da Região do Polo Têxtil (RPT) estão enfrentando uma situação de seca severa, conforme o Índice Integrado de Seca divulgado recentemente pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

O levantamento, referente a junho deste ano, indica a necessidade urgente de medidas preventivas para mitigar os impactos socioeconômicos e ambientais.

Segundo o pesquisador Marcelo Zeri, especialista em monitoramento no Cemaden, o índice é baseado em três critérios: a quantidade de chuva acumulada em relação à média histórica, a umidade do solo a uma profundidade de um metro e a saúde da vegetação.

Esses elementos são classificados de 1 a 5, onde 1 representa a seca excepcional e 5 a seca fraca, ou como condição normal. A média entre esses critérios estabelece o índice. A seca severa resulta de baixos níveis de chuva, umidade do solo e saúde da vegetação.

Todos os municípios da RPT, que incluem Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa, Sumaré e Hortolândia, estão em condição de seca severa.

“O impacto potencial está na safra em andamento, adiamento de plantio, maior risco de incêndios florestais, baixa umidade do ar, e impactos nos reservatórios de água e níveis de rios”, explicou Zeri.

De acordo com o boletim do Cemaden, as cidades da região estão entre as 739 afetadas pela seca nas áreas agroprodutivas. Esta situação também se repete em outros municípios do País, com o número de localidades em condição de seca severa triplicando.

O centro prevê que a seca se intensificará em julho, conforme indicam os baixos níveis de chuva na Região Metropolitana de Campinas, verificados pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp.

“Estamos passando por uma sequência de meses com chuvas abaixo da média, agravando a situação neste período que já é o mais seco do ano”, afirmou Bruno Bainy, meteorologista do Cepagri.

Bruno ressaltou que a escassez de chuvas pode impactar a agricultura, os corpos hídricos e os aspectos socioeconômicos, especialmente quando o consumo de água supera a disponibilidade. Em casos extremos, pode também afetar a distribuição de energia no Brasil, que é majoritariamente gerada por hidrelétricas.

“Alguns fatores climáticos, como o El Niño, podem intensificar as secas, trazendo mais ondas de calor e menos chuva para a região”, concluiu Bruno.