A aeronave da Voepass que sofreu um acidente em Vinhedo na última sexta-feira (9) estava operando com permissão para não registrar oito informações de voo em sua caixa-preta.

A companhia aérea tinha autorização temporária de 18 meses, concedida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em 1° de março de 2023.

Essa autorização foi concedida após um pedido da Voepass, que planejava integrar o avião à sua frota. No entanto, o modelo da aeronave não era capaz de registrar todos os parâmetros operacionais exigidos pelo Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC n° 121).

Essa permissão exime a empresa de registrar dados cruciais nos gravadores de voo digitais, aplicando-se apenas ao modelo ATR 72-500.

Entre os dados não registrados estão informações sobre o funcionamento dos freios (pressão e aplicação dos pedais direito e esquerdo), sistemas de pressão hidráulica e todas as forças exercidas nos controles de voo (volante, coluna e pedais).

As forças de comando dos controles de voo se referem à força que o piloto aplica na aeronave. Isso significa que a caixa-preta não consegue registrar se o comandante direcionava o avião para cima, para baixo, à esquerda ou à direita.

De acordo com o piloto e engenheiro aeronáutico Jorge Leal Medeiros, essa limitação pode prejudicar a investigação do acidente em Vinhedo, bem como de outros voos futuros da Voepass, uma vez que possíveis falhas podem não ser detectadas e corrigidas.